quinta-feira, 22 de novembro de 2007

ATUação e dignidade dos medíocres

Atores e atrizes no geral são péssimos. Até os bons atores quando são péssimos, o são com brio, como nenhum outro tipo de artista sabe ser em seus respectivos ofícios. Um exemplo é o Lázaro Ramos, outro é Antônio Fagundes. Duas Vidas coloca no mesmo nível Lázaro Ramos (que fez Madame Satã) e Suzana Vieira (que faz, sempre fez e sempre fará, Suzana Vieira, uma péssima atriz na vida real). Assim como a teledramaturgia da Globo em geral, coloca no mesmo nível Daniel Oliveira e Marjorie Estiano, a menina da voz adestrada.

Portanto, Roberto Bomtempo, apesar de ser o mandíbula mais ordinário desse país, me sai em Maldição de Sampa-KU como uma variação trágica de Sérginho Malandro. O que o coloca em um nível digno já que não dá pra exigir nada mais dele do que ser tão e somente péssimo.

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Carlos Gerbase é genial. Entitular seu primeiro longa de "Tolerância" foi uma das coisas honestas que já vi, porque só com muita Tolerância (com T maiúsculo) o espectador consegue chegar ao fim do filme.
Um filme como Tolerância é natural de um mundo em que nunca existiu Fritz Lang. Uma coisa básica (e moral) como a distância entre o personagem e a câmera - ou mesmo o lugar da câmera no ambiente - é uma preocupação ausente no cinema dele. É o estilo patada de elefante "bota a cÂmera ali e faz uma imagem assim (não um plano) do Bomtempo carcando a mulher dele". Tanto faz em cima da pedra, quanto pendurado no teto ou atrás da estante.
O Gerbase é tão democrático que ele deve deixar o fotógrafo, os roteiristas, o diretor de arte e, principalmente, o compositor da trilha sonora e o atorrrr Roberto Bomtempo fazerem o que bem entenderem. Isso que eu chamo de trabalho de equipe. Só o montador é neutro.

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