sexta-feira, 6 de março de 2009

manifesto da elegância

alguém se lembra, de primeira, de algum filme desde Jackie Brown que tenha tamanha elegância nos procedimentos formais mais básicos - como plano-contraplano, reenquadramentos, suaves travelings - e tão claro em somas tão retumbantemente misteriosas quantos elementares? A elegância aqui não é questão de "bom proceder", não, não é possível dizer isso sobre JB ou sobre nenhum filme minimamente respeitável. Aqui é quando a exasperação do estilo dá lugar à beleza, que se quer bela por ser o oposto do falseamento estilístico e da pântano conceitual que boa parte de cineastas enveredaram ultimamente, inclusive que fizeram filmes que acho razoáveis como Milk e The Wrestler.
Jackie Brown é um dos raros filmes dos últimos quinze anos - juntamente com os últimos Kiarostamis, Cleópatra - que entram pra galeria dos inclassificáveis. Representou, trinta anos depois, o que Madigan de Siegel representou em 1968.

Não trocaria nenhum filme americano (ou o conjunto de todos eles) do ano passado (e deste ano até agora) por esses seis minutos finais.

Soberbo.

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