sábado, 7 de março de 2009

Rivette

“O importante é aquilo que eu vejo a partir do
que o ator “dá”, segundo um processo pessoal
dele, que não me diz respeito. Quando Emanuelle
[Béart] me propõe alguma coisa, ela não vem falar
comigo dizendo “E se eu fizesse isso...?” Ela faz.
Em seguida eu vejo ela interpretar – não no visor
da câmera (eu sei muito bem o que ela filma,
conheço sua posição e sua óptica, que é quase
sempre a mesma) – e posso reagir em relação à
realidade, a uma matéria que existe. Essa
realidade, essa “matéria”, é Emanuelle atuando.”
“O fato de eu assistir a tantos filmes parece de fato
assustar as pessoas. Muitos cineastas fingem que
nunca vêem nada, e isso sempre pareceu muito
estranho para mim. Todo mundo aceita o fato de
que escritores lêem livros, escritores vão a
exposições e inevitavelmente são influenciados
pelo trabalho dos grandes artistas que vieram
antes deles, que os músicos ouçam música antiga
além das coisas novas... Então por que as pessoas
acham estranho que cineastas – ou pessoas que
querem tornar-se cineastas – vejam filmes?
Quando você vê os filmes de certos diretores,
você pensa que a história do cinema começa para
eles em torno dos anos 80. Os filmes deles
provavelmente seriam muito melhores se eles
tivessem visto um pouquinho mais de filmes, o
que vai contra aquela idéia estúpida de que você
corre o risco de ser influenciado se assistir filmes
demais. Na verdade, é quando você vê muito
pouco que você corre esse risco. Se você vê muita
coisa, você pode escolher os filmes pelos quais
você se influencia. Às vezes a escolha não é
consciente, mas na vida há coisas que são mais
poderosas do que nós, e que nos afetam
profundamente. Se eu sou influenciado por
Hitchcock, Rossellini ou Renoir sem perceber,
melhor pra mim. Se eu fizer algo sub-Hitchcock, já
fico muito feliz com isso. [Jean] Cocteau
costumava dizer: ‘Imite, e o que é pessoal vai
aparecer eventualmente apesar de você. Dá
sempre pra tentar.”
Jacques Rivette

sexta-feira, 6 de março de 2009

manifesto da elegância

alguém se lembra, de primeira, de algum filme desde Jackie Brown que tenha tamanha elegância nos procedimentos formais mais básicos - como plano-contraplano, reenquadramentos, suaves travelings - e tão claro em somas tão retumbantemente misteriosas quantos elementares? A elegância aqui não é questão de "bom proceder", não, não é possível dizer isso sobre JB ou sobre nenhum filme minimamente respeitável. Aqui é quando a exasperação do estilo dá lugar à beleza, que se quer bela por ser o oposto do falseamento estilístico e da pântano conceitual que boa parte de cineastas enveredaram ultimamente, inclusive que fizeram filmes que acho razoáveis como Milk e The Wrestler.
Jackie Brown é um dos raros filmes dos últimos quinze anos - juntamente com os últimos Kiarostamis, Cleópatra - que entram pra galeria dos inclassificáveis. Representou, trinta anos depois, o que Madigan de Siegel representou em 1968.

Não trocaria nenhum filme americano (ou o conjunto de todos eles) do ano passado (e deste ano até agora) por esses seis minutos finais.

Soberbo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jards

Entre o cinema brasileiro e a música, eu prefiro a música.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Renoir e Rivette

Tá ai ó. Mais uma conversa.
Se parecer muito atual o problema que estão tratando, não é mera coincidência.

domingo, 12 de outubro de 2008

cinema

27 de setembro, Cinemateca Portuguesa

Essa é uma das programações mais absolutamente geniais que vi em minha vida:

"Rocky Balboa", Sylvester Stallone
Estados Unidos, 2006 - 102 min.

"Una Donna Libera", Vittorio Cottafavi
Itália/França, 1954 - 93 min.

"El Angel Exterminador", Luis Buñuel
México, 1962 - 95 min.

É simplesmente uma TOMADA de POSTURA, uma declaração de PRINCÍPIOS.

domingo, 28 de setembro de 2008

...



Quando todo século se inicia, leva pelo menos 20 anos para sepultar o anterior.
O século XX está indo embora, aos poucos.

Este ano tivemos o desparecimento de Richard Widmark.

Agora, Paul Newman não existe mais.