sábado, 7 de abril de 2007

PQP!

Alguém já assistiu The Stranger Wore a Gun do André De Toth, com aqueles personagens jogando coisas e atirando em direção à câmera? caralho...

9 comentários:

bruno andrade disse...

Ah, mas como pode isso? O De Toth não é esse 'cinema americano clássico-canônico-qualquer-outra-besteira-de-quem-não-se-dá-ao-trabalho-de-repousar-os-olhos-sobre-os-filmes'?

Tenta ver também THE INDIAN FIGHTER. É mais delirante que a mais delirante das contemplações. Alguma coisa acontece entre a trilha sonora & a natureza límpida das locações & a segurança de um equilíbrio constante nos movimentos de câmera e da composição em Scope & um senso de vertigem e possessão pela natureza que acabam por levar a transportes muito, muito, MUITO insanos...

Saiu pela Ocean em CinemaScope bonitinho.

Francis Vogner dos Reis disse...

pois é. Filme de velho. É necessário voltar a esses filmes. Talvez pra quem crê que DeToth não interessa tanto por não participar do debate das "imagens contemporâneas" eu esteja falando besteira ou exagerando. Pode até ser.
Mas bem, pra quem viu Ernest Borgnine jogando objetos em direção à câmera e o massacre inicial talvez compreenda por que coisas como essa não existem somente pra servir à sua época de origem.

Ps. em tempo: não vi Indian Fighter. DeToth é uma lacuna que venho preenchendo.

Francis Vogner dos Reis disse...

Sim, esse pode ter sido o motivo, mas não é pensado somente para criar esse efeito. Muitos e muitos momentos do filme as coisas se dirigem frontalmente para a câmera. Se for só para ajudar a criar ilusão de 3D é a picaretagem mais genial da historia, porque cria um efeito impressinante.No início, na invasão de uma cida, um figurante simplesmente caminhavagarosamente até três passos da câmera e atira na nossa cara. Nem precisava do 3D

Francis Vogner dos Reis disse...

ah...e existem mais outras coisas no filme dignas de antologia não só isso. O personagem de Randolph Scoth é um cowboy castrado e a barbárie dos vilões é uma coisa absolutamente selvagem que faz desse filme um faroeste tão cruel - e ao mesmo tempo diferente da crueldade do spagetti western. Não cruel pelo nível de maldade, mas cruel porque não se furta a oferecer uma transparência aos personagens que dispensa delicadezas, a nobreza até existe, mas não é central. É direto como um cruzado. Os personagens de Borgnine e Lee Marvin tem uma truculência e ignorância extremadas. Ou seja: lançar objetos à tela não é só concessão do 3D, mas um gesto estético tão brutal quanto o "plot" do filme e todas as outras partes que compõe essa maravilha.
A delicadeza se dá em outro nível: no refinamento (clássico) dramático e na capacidade de tornar algo francamente grosseiro (esse mundo e essa proposta particular de faroeste) em ALGO sublime.

David Gruginski disse...

Será que não está se confundindo com Museu de Cera, também dirigido pelo de toth, ou ambos são em 3d?

Sérgio Alpendre disse...

são ambos do mesmo ano, provavelmente tb é em 3D. só acho que no Museu de Cera ele consegue coisas mais interessantes com esse efeito. o cara com a raquete de ping pong é genial

bruno andrade disse...

Chequei o Lourcelles agora, e é 3-D mesmo. Mas o que é efetivamente interessante com o De Toth, como também com o Walsh, é que ele usa todos os novos recursos técnicos recém-disponíveis na época (Scope para INDIAN FIGHTER, 3-D pra esse aqui) e se beneficia da modernidade inerente destas novas técnicas. Não dá pra dizer o mesmo do De Mille usando o VistaVision em OS DEZ MANDAMENTOS, por exemplo.

Guilherme Martins disse...

Eu acho que ser 3-D e o cara produzir algo mais do que relevante a partir da idéia já é sensacional.

bruno andrade disse...

Mas isso não foi lá muito anormal ("ser 3-D e o cara produzir algo mais do que relevante a partir da idéia"), né? Quer dizer, HOUSE OF WAX que também é do De Toth; JIVARO e SANGAREE do Ludwig; DISQUE M do gordo; os filmes que o Jack Arnold estava fazendo para a Universal na época; SEMINOLE e WINGS OF THE HAWK do Boetticher; tem mais um monte, esses são só dos que eu me lembro. Todos usando a modernidade inerente dos novos recursos técnicos recém-disponíveis à época (é só comparar a, sei lá, aquele Freddy Krueger em 3-D e aquele Jason em 3-D).