terça-feira, 13 de novembro de 2007

CINEMA NACIONAL e etc

No ônibus outro dia indo pra Saúde, um homem de pé, pronto pra descer e fedendo a mijo vê uma "tanajura esteatopigicas" (mulher de bunda enorme), dá uma apertadinha do pau por cima da calça e fala "vadia gostosa enfiar.." - o resto da frase eu não entendi - dá uma puxada de fôlego. Dois garotos observam a cena com certa repulsa e e achando um pouco engraçado. Um deles diz em voz alta "CINEMA NACIONAL".



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Há uns meses, em Santa Tereza(no Rio), eu, a Flávia e uma amiga andávamos próximos a umas lojas de artesanato e passa um casal ao nosso lado. O cara cantava a música tema de "Ó Paí Ó" e emenda uma declaração de princípios: quando eu vejo um filme legal desses, ai é que eu quero fazer um longa mesmo".



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Em um bar na rua Augusta um baixinho careca dá aulas de cultura para seus amigos que ouvem admirados. Esbraveja que "Caetano e Gal são uns merdas...o Chico é até bom". Desliguei. Mais a frente ele solta "os filmes do Carlos Reichenbach são ruins, no início ele imitava mal Godard". Depois, mais contido vejo ele argumentando com o dedo em riste, "não gosto de Roxy Music, é new romantic".
Encontro minha amiga depois na frente do mesmo bar e ela me diz que tenho de conhecer um amigo dela, "ele é fera em cinema, vocês irão se dar super bem", justifica. Ela me aponta ele dentro bar. É o baixinho careca. Eu simulo uma dor no olho esquerdo e caio fora.

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Festa na casa de um amigo na Vila Madalena. Como ele, a maioria é de estudantes de história, sociologia e afins. Começam a detonar o Caetano "ele foi um bom artista, mas deveria calar a boca, só fala merda" e alguns afagavam Chico Buarque arbitariamente. "Se Chico fala mal do Lula ele é coerente, se fala bem é compreensível"... "Ele continua tão bom com seus sambas quanto antes", dizem alguns, "credo em cruz, o Caetano gravou Peninha", comentam outros.
A conversa vira pra Nelson Pereira do Santos e seu Raízes do Brasil. Dizem todos que o filme é ruim, concordo, mas serve como material pedagógico para a garotada, discordo.
Um cara agressivo de gadeia na cabeça polemiza "quem é Nelson Pereira, o que ele fez? ele nunca foi tudo isso que vocês dizem. Tá bom fez Vidas Secas que é obra-prima, mas fez mais o que? Nada.". Eu interfiro: "mas o melhor filme dele é Rio Zona Norte, uma maravilha que...". O Gadeiudo me interrompe, bem agressivo, quase gritando: "que maravilha o que, tá louco um filminho de samba e ai? Narrativa convencional". Não dava pra justificar. O Gadeiúdo era implacável como um paladino em favor da beleza e da política. Acho que meu amigo ficou meio constrangido com o arranca rabo. Essas coisas me derrubam. Fui pra casa ABSOLUTAMENTE deprimido, igual a uma vez que uma trotskista straight edge me chamou pro confronto porque segundo o que eu dizia, ela deduziu que Paulo Freire, o pedagogo, era uma espécie de autoritário inimigo dos trabalhadores.
Outro dia vi o Gadeiúdo compando um livro do Eduardo Galeano. Ele quase me cumprimentou. Tive certa compaixão dele.

2 comentários:

Gabriel Carneiro disse...

Prezado Francis,

Estamos realizando para a Zingu! (www.revistazingu.blogspot.com) um levantamento com cerca de cinqüenta pessoas da área cinematográfica para nossa edição de dezembro. Ela se refere à transformação do Marabá em multiplex:

“Você acha que o Marabá deve tornar-se um multiplex? Por quê?”

Uma resposta sua, de forma curta ou longa será integralmente publicada na revista. Agradeço a generosidade e aguardo resposta. Responda-me no email osintocaveis_blog@hotmail.com , se possível. Infelizmente não tenho seu contato.

Atenciosamente,

Gabriel Carneiro
Editor da revista Zingu!
Cinema, especialmente o paulista.
www.revistazingu.blogspot.com

Marcelo V. disse...

Genial.