sábado, 26 de abril de 2008

pílulas do Rivette



Diferente de Godard, Jacques Rivette não se furta a falar do cinema hoje com o mesmo entusiasmo que falava há cinquenta anos. Certamente a postura de cada um deles está na virada dos anos 50 para os 60, momento em que Godard dá prioridade à práxis e Rivette à contemplação. Enquanto Godard vê o cinema como destino (como um todo), Rivette crê que deve se ocupar dos filmes (especificamente). Godard historiador, Rivette litúrgico.

Começando hoje colocarei posts de comentários de Rivette sobre flmes diversos. De Tire-au-Flanc, de Renoir, a Carne Trêmula, de Almodóvar.


Interlúdio (Notorious), de Alfred Hitchcock


“Se eu tivesse que escolher um só filme de Alfred Hitchcock seria Interlúdio e a razão é Ingrid Bergman. Uma relação amorosa imaginária entre Alfred Hitchcock e Ingrid Bergman tendo Cary Grant ao meio. A cena final deve ser a mais perfeita da História do cinema, onde tudo se resolve em três minutos: a história de amor, o drama familiar e a trama de espionagem. Poucas tomadas, magníficas e inesquecíveis.”



Os Carrascos Também Morrem (Hangmen also Die), de Fritz Lang


“Lang é o cineasta do conceito. Por isso, não dá pra falar de abstração e estilização sem cair no erro. Depende do espectador saber tomar responsabilidade pelos pensamentos e razões dos personagens, de transformar momentos contraditórios em conceito.”



Viagem à Itália (Viaggio in Italia), de Roberto Rosselini


“Finalmente nos deparamos com um filme em que Rosselini mostra às claras a sua maestria e usa com elementar liberdade os seus recursos. O resultado é que se torna impossível ver Viagem à Itália sem se dar conta, evidentemente, de que este é um filme que abre uma brecha, e que qualquer tipo de cinema parece ter o dever de passar por uma experiência equivalente, sob pena de extinção.”

Um comentário:

Marcelo V. disse...

O final de "Notorius" é realmente sublime. Aquela caminhada do Claude Rains...