terça-feira, 6 de março de 2007

Kojak

Estava vendo outro dia um episódio do seriado Kojak no TCM. Inclusive o post Dois Pontos de Vista (abaixo)tem link para o episódio em questão.
Só tenho a dizer uma coisa: uma aula de narração, marcação, ambientação - uma aula de dramaturgia e de cena, simplesmente. Com um senso de ritmo mais preciso (enxuto) do que o tal 24 horas e a maior parte do cinema americano recente. O Bruno falaria de Os Infiltrados como antítese disso. Pois bem, vendo Kojak, eu não poderia discordar.

11 comentários:

Bruno Amato disse...

Me impressionou muito na última Paisà uma frase do Resnais afirmando ser fã de um dos diretores de episódios de Arquivo-X. Kojak nunca vi - é duma geração que já tem cabelo branco.

Felipe Medeiros disse...

Sim, e da cintura pra baixo!

Meu caro, o blog tá do caralho. Meus parabéns e beijos na unhas dos pés!

bruno andrade disse...

KOJAK e BARETTA.

Ah sim: eu tive o privilégio de ver o capítulo inicial - especial de uma hora, cê sabe o tipo - de BARETTA na Multishow, há uns 5 ou 6 anos atrás, dirigido por ninguém menos que... Monte Hellman.

BOM PRA CARALHO. A coisa toda lembra muito THE SHOOTING, inclusive suspeito que algumas passagens foram rodadas nas mesmas locações.

Esse papo de que nunca a TV esteve tão boa, que nunca os shows foram tão bons (basicamente porque hoje se investe mais do que nunca em TV), is for the birds (e para amnésicos e ignorantes também). Décadas 50-60-70 nos apresentaram coisas muito mais experimentais; foi desse celeiro que saíram Arthur Penn, Lumet, Frankenheimer, Cimino (propagandas), Larry Cohen e o último destes moicanos - Mr. Michael Mann.

Bruno Amato disse...

Realmente Andrade, com tanta gente dizendo que os shows da TV americana nunca foram tão bons parece até que estamos tendo uma Novelle Vague americana televisiva. Acho uma afirmação muita ingênua ou mal intencionada de se fazer (aliás, afirmações do tipo "nunca", "sempre" e "o melhor de todos os tempos" geralmente são assim). Mas também acho que se formos avaliar cuidadosamente a TV americana atual em termos de quantidade e qualidade, eu arriscaria afirmar que hoje há um número maior de seriados interessantes do que, digamos, 15 anos atrás.

bruno andrade disse...

Tem muita coisa boa na TV atual, sem dúvida. BIG BROTHER certamente não é uma delas (muito embora eu permaneça fã do CASA DOS ARTISTAS original, com Supla, Frotinha, Nana Gouvêa...), e acho que no geral os tais reality shows são como o Orkut (aliás, são de fato as mesmas coisas): exercícios insuportáveis de frivolidades desinteressantes. Prefiro algum filme velho com Michael Caine (dando preferência aos dirigidos por Richard Fleischer, Otto Preminger, Joseph Mankiewicz, Woody Allen ou De Palma) ou Chevy Chase no Corujão.

Seja como for, não dá pra reclamar de uma década que nos deu BOSTON LEGAL (g-e-n-i-a-l) e 24 (muitooo superestimado e hiperanalisado à exaustão, mas muito bom mesmo assim); mas também não dá pra de repente virar as costas pruma outra que nos deu ALF e MARRIED WITH CHILDREN (dois experimentos ousados com o vídeo), TWIN PEAKS, DURO NA QUEDA e ESQUADRÃO CLASSE A, ou de uma que nos deu aquele metaevento ainda incompreendido e ainda anos-luz de tudo e todos que foi SEINFELD. Isso para não falar nos 70 e 60; quem acompanhou os canais da SONY e da MGM nos seus primórdios sabem do que estou falando.

Anyway, back to the present: pra mim GILMORE GIRLS é um imenso p. no c., um insulto ao screwball e à tradição americana de Preston Sturges e McCarey, LOST parte de um erro ontológico inadmissível que é ter Rodrigo Santoro no seu elenco, CSI é a negação de tudo o que Dario Argento, Joseph Losey e Hitchcock fizeram com o cinema (e fizeram o cinema descobrir), e a Frat Pack não fez mais que humor de extra de DVD - sem perceber que estava fazendo TV ao invés de trabalhar com os privilégios e as exigências do meio que lhes foi dado.

Mas, repito: BOSTON LEGAL, uma obra-prima intocável.

David Gruginski disse...

Alguém viu The Office aí? Eu vi um episódio, achei interessante...

Marcelo disse...

O negócio mesmo é Arrested Development.

Francis Vogner dos Reis disse...

Gilmore Girls é extremamente esperto, texto veloz, cabeça de vento. Ou melhor: é um arremedo disso tudo. Um cu.

BBB eu simplesmente não vejo.

Com as excessões de sempre (Seinfeld, married with Children, que são outra coisa)há ainda um longo caminho a se percorrer pra se chegar ao nível de Chaves na era don Ramón. espero que um dia haja tanto entusiasmo (crítico, digo) com Chaves e Chapolin que se tem com a assepsia de bobagens tipo Scrubs. Chaves é o oposto de scrubs e isso é ótimo.

bruno andrade disse...

Chaves é o oposto de scrubs e isso é ótimo.

Perfeito.

Eu diria inclusive que mais ou menos da mesma forma que SHOW DO TOM é o oposto do BIG BROTHER. Quem pretende entender nosso subdesenvolvimento cultural e intelectual e para isso liga no programa do Pedro Bial e da Globo
comete um erro não apenas de método como também técnico e arqueológico. Certo, as pegadinhas do João Kleber foram o retrato ideal da nossa miséria/herança estética do burlesco e do circense, mas o lance é que hoje a única coisa digna desta constelação de tortas na cara e grosserias hediondas é certamente um freak show que envolve Giovanna Gold acabadérrima, Tiririca e seu talento inato para a falta de talento e uma série de piadas de mil novecentos e outrora que o Tom vomita a cada dez segundos.

Quem se sujeita a SCRUBS dificilmente chega à imersão numa glória de luz e lucidez que é ter a chance de assistir M*A*S*H com Alan Alda às 9:00 da manhã (o filme do Altman, por sua vez, tem mais a ver com SCRUBS; entre Altman filmando para a Fox em CinemaScope e Don Weis fazendo televisão com as sobras de algum galpão abandonado, só existe uma escolha a se fazer - e certamente não é pelo Altman).

Felipe Medeiros disse...

Falaram no Santoro? Entendo que ele representa, nada mais nada menos, do que um rebaixamento e uma desvalorização do conceito de ator. Um verdadeiro estupidificador do espírito artístico, cuja tendência mecanicista de execução simplesmente lhe priva de qualquer energia, ritmo ou entrega... e em diversas vezes, sequer deseja isso.

Como ator, parece um modelo... como entrevistado, um quase-ator... como modelo, uma boceta caída... e, de um modo geral, uma versãozinha higienizada de bom-gosto.

Marcelo V. disse...

"Chaves" é aula de roteiro.