quinta-feira, 15 de março de 2007

Sobre prêmio Jairo Ferreira e a síndrome de São Bernardo





Tento encontrar uma resposta e não consigo. Por que em festejos rituais e comemorações (como o Prêmio Jairo Ferreira, nessa última segunda, dia 12) eu simplesmente curto o evento pela metade?
Meu corpo padece, eu passo mal e tenho de ir pra casa. Talvez seja uma maldição, uma praga de mãe. Talvez seja simplesmente a histeria, aquela mesma em que a explicação mais plausível é a psicanálise que encampa.
Durante o evento, que foi ótimo e emocionante (principalmente na parte de Tonacci e da irmã do Jairo), meu estômago já dava reviravoltas. Estava eu ao lado do Karim Ainouz que deve ter achado que eu estava com um problema crônico de gases (ele meio que se defendia da minha figura até, com certo nojo e claro, cuidado, porque parece ser um gentleman).
Os filmes foram bons. O Guru e os Guris do Jairo, só mesmo o Merten pra não gostar (ele gosta de Pequena Miss Sunshine e do desenho da Barbie), o que confere: o mundo continua em ordem. O do Beto Brant é integro. Esse Cão Sem Dono é seco, a luz é dura e chama atenção para si. Ela é o filme e ele não poderia ser de outro jeito. Se alguém falar na luz de Murneau e Ferrara não estará errado. Não vou dizer que o filme é corajoso, ele tem é personalidade. Coragem até o José Joffily tem, Achados e Perdidos é um bom exemplo, personalidade (aquele movimento de talento absolutamente natural - mas não sem trabalho) são poucos.
O filme é tão casca grossa que ajudou piorar meu estado de saúde. Tanto melhor assim (pro filme que vi) e pior para meu estômago, que me tirou de cena muito cedo.

ps1. talvez seja a água de São Bernardo que voltei a beber com mais frequência. A Billings e tal. São Bernardo do Campo é uma espécie de cidade-estado de doença. Síndrome de São Bernardo.

Blog + Pessimismo + melancolia = São Bernóia
Catástrofe.

3 comentários:

Bruno Amato disse...

Francis, valeu o aviso. Nunca vou sentar ao seu lado numa situação dessas.

E se o Merten tivesse gostado do Guru, alguma coisa ia estar errada: com ele, com o curta ou com a gente. No mais, filmaço do Brant.

Ana Mesquita disse...

Olá querido Francis

Que história é essa de difamar a cidade que te acolheu por tanto tempo?!

Os saobernadenses não estão fadados à depressão.
A capital (ou o capital) corroeu sua humildade.

bj

Ana

Francis Vogner dos Reis disse...

Ana
Isso é uma bobagem.
Não estou difamando e não tenho vocação pra cosmopolita paulistano e nem pra provinciano sãobernadense. Você deveria tentar ler minha mensagem sem buscar o que eu valorizo ou desvalorizo. quando falo de SBC não é questão disso. Gosto de SBC, sempre gostei, quando minha cabeça está a ponto de explodir faço igual ao Lula - fujo para SBC.
Você passa pano pra transformação de SBC em Twin peaks? Eu não. Raramente outras cidades do ABC (salvo SCS, bizarra) o poder é tão perpetuado entre gangsters e oligarquias. Estou errado? Você sabe que não.

Vejo com graça muita copisa na cidade, inclusive algumas peculiaridades, que não são cosmopolitas nem provincianas.

Agora, quem comeu merda em SBC não tem como não ter uma ponta de ressentimento. É humano, normal. Não vou aplaudir.