sexta-feira, 23 de março de 2007

sexta-feira, 16 de março de 2007

quinta-feira, 15 de março de 2007

Sobre prêmio Jairo Ferreira e a síndrome de São Bernardo





Tento encontrar uma resposta e não consigo. Por que em festejos rituais e comemorações (como o Prêmio Jairo Ferreira, nessa última segunda, dia 12) eu simplesmente curto o evento pela metade?
Meu corpo padece, eu passo mal e tenho de ir pra casa. Talvez seja uma maldição, uma praga de mãe. Talvez seja simplesmente a histeria, aquela mesma em que a explicação mais plausível é a psicanálise que encampa.
Durante o evento, que foi ótimo e emocionante (principalmente na parte de Tonacci e da irmã do Jairo), meu estômago já dava reviravoltas. Estava eu ao lado do Karim Ainouz que deve ter achado que eu estava com um problema crônico de gases (ele meio que se defendia da minha figura até, com certo nojo e claro, cuidado, porque parece ser um gentleman).
Os filmes foram bons. O Guru e os Guris do Jairo, só mesmo o Merten pra não gostar (ele gosta de Pequena Miss Sunshine e do desenho da Barbie), o que confere: o mundo continua em ordem. O do Beto Brant é integro. Esse Cão Sem Dono é seco, a luz é dura e chama atenção para si. Ela é o filme e ele não poderia ser de outro jeito. Se alguém falar na luz de Murneau e Ferrara não estará errado. Não vou dizer que o filme é corajoso, ele tem é personalidade. Coragem até o José Joffily tem, Achados e Perdidos é um bom exemplo, personalidade (aquele movimento de talento absolutamente natural - mas não sem trabalho) são poucos.
O filme é tão casca grossa que ajudou piorar meu estado de saúde. Tanto melhor assim (pro filme que vi) e pior para meu estômago, que me tirou de cena muito cedo.

ps1. talvez seja a água de São Bernardo que voltei a beber com mais frequência. A Billings e tal. São Bernardo do Campo é uma espécie de cidade-estado de doença. Síndrome de São Bernardo.

Blog + Pessimismo + melancolia = São Bernóia
Catástrofe.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Mais um pouco sobre Janine Ribeiro

Alberto Dines, sobre a polêmica em torno do texto do filósofo Renato Janine Ribeiro em ocasião do assassinato de João Hélio aqui

terça-feira, 6 de março de 2007

Kojak

Estava vendo outro dia um episódio do seriado Kojak no TCM. Inclusive o post Dois Pontos de Vista (abaixo)tem link para o episódio em questão.
Só tenho a dizer uma coisa: uma aula de narração, marcação, ambientação - uma aula de dramaturgia e de cena, simplesmente. Com um senso de ritmo mais preciso (enxuto) do que o tal 24 horas e a maior parte do cinema americano recente. O Bruno falaria de Os Infiltrados como antítese disso. Pois bem, vendo Kojak, eu não poderia discordar.

Deriva. Percurso (Brown Bunny, Rosetta, Adeus ao Sul)







O intelecto "reaça"

Li no blog do Zanin o texto dele sobre a entrevista com Antônio Cícero na Folha de São Paulo e faço coro com ele no "senão" ao discurso do poeta e filósofo. Só que acho hilárias as reações dos leitores nos comments. O discurso deles simplesmente confirma as afirmações de Antônio Cícero sobre a dialética caolha da nossa inteligentzia progressista. Toda a discussão vai simplesmente pro ralo economicista, com jargões, raciocínios e teorias que, apesar de não estarem longe de uma leitura exemplar de questões político-sociais, tranquilizam muito dos nossos inteligentes pela lógica do "lado certo". Acusam o cara de neoliberal, filhinho de papai que estudou nos States, citam Marx à torto e à direito ("a filosofia passa pela barriga"), e falam que ele leu Fukuyama porque chamou a esquerda de "economicista". Mas toda a discussão só parece confirmar as críticas de Antônio Cícero à moral e ao pensamento de esquerda no país, mesmo que não justifiquem sua postura blasé relativizando problemas históricos na fórmula chique do "mínimo de condições dignas". Me desculpe Antônio Cícero, mas isso é peidar na água.

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Com o perdão da grosseria, mas Renato Janine Ribeiro "rasgou o cu" escrevendo aquele artigo em ocasião da morte do garoto João Hélio. Eu até entendo o modo como ele tentou mapear as emoções extremadas frente àquele momento, só que errou ao fazer disso "crítica à razão", porque, ele negando ou não, isso está evidente no papel do jornal. Mais um ponto pro Antônio Cícero.
Mas por outro lado, creio que outros formadores de opinião deveriam se conter um pouco com relação ao texto do Janine Ribeiro e entender o tipo de crise que ele expõe nesse debate. Como ele mesmo disse no Mais! desse domingo, ele não fez um texto que propunha algo, ações ou pedia maior rigidez nas leis e pena de morte. Ele fez um ensaio desajeitado sobre seu impulso e desejos de vingança ante ao horror. Mas como o mundo não é dos desajeitados, ele terá de dar conta do papel constrangedor a que se prestou, porque afinal de contas, intelectual também é gente.

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Um exercício interessante seria examinar com acuidade os discursos provocadores de gente tida como conservadora e, a despeito da descabelada convicção reacionária deles, em alguns pontos eles colocam em cheque muitas de nossas convicções "progressistas" que podem tomar a forma de demagogia.
O professor e filósofo Luiz Felipe Pondé é um reacionário clássico, aquele com ótima articulação verbal, bem longe de nossos senadores acacianos com síndrome de Ruy Barbosa. Em razão dessas leituras de fim de semana (da entrevista do Antônio Cícero ao Mais!) cheguei a uma entrevista (Chega de Modernidade) com o professor Pondé. Pois bem. Todo seu arsenal intelectual se serve de críticas à modernidade e elogios à Idade Média. A coisa toda é uma retomada da intelectualidade conservadora religiosa no debate público.

O que ele diz à respeito da limitação do discurso moderno que é muitas vezes mais resposta do que dúvida (o que seria - e é - contraditório) e da arrogância de quase instaurar um "marco zero" no mundo a partir da Idade Moderna, rejeitando tudo o que veio antes, deve ser lido com muita atenção. Só creio que sua crítica é mais válida na circustância do que no cerne. Se formos ao cerne, teremos de lidar com essa tentativa de reação conservadora, na sua convicção de que o mundo é naturalmente tormentoso, que as vanguardas são uma merda e de que o problema da humanidade é de ordem estritamente moral. Ai o cara mostra a que realmente veio e é onde faz valer o todo de suas declarações, que são essencialmente reacionárias e recacadas.